domingo, 16 de dezembro de 2012

Por um liga mais justa!

Hoje o Corinthians tornou-se bi-campeão mundial. Muitos vão arguir que esse, na verdade, é o primeiro título, já que o do ano 2000 não deveria ser considerado. Nessa linha de raciocínio fica difícil dizer quais títulos são ou não válidos. Afinal, recentemente a CBF promoveu a unificação dos títulos nacionais pré-campeonato de 71, e até hoje se discute se devemos ou não considerar esses títulos. A história toda é uma grande bobagem, afinal para todo torcedor o título conquistado pelo seu time é válido enquanto o certo é que todos os rivais vão questioná-lo. "Vocês venceram porque foi contra o Chelsea, se fosse o Barcelona teriam perdido", muita gente diz. Será? Afinal, o próprio Chelsea venceu o time mais badalado do mundo, que foi justamente o que o levou ao mundial. Enfim, a Fifa diz que o Corinthians é bi-campeão, a CBF diz que o Corinthians é bi-campeão, quem sou eu pra contestar, então?

Mas aí muitos vão vir dizer: "mas a CBF favorece demais o Corinthians, é claro que vão dizer que são campeões". Pois é, isso é bem verdade. Os caras deram um título para eles em 2005, tentaram dar outro título para eles em 2010 (que, ainda assim, foram incapazes de ganhar), deram um estádio para eles e, agora, estão dando um patrocínio milionário vindo de um órgão público. Há de se destacar aqui que a Caixa é, na verdade, uma empresa pública, com patrimônio próprio e autonomia administrativa. Hoje eu afirmo que os dois maiores clubes do país encontram-se em São Paulo. E eu afirmo isso tendo por critérios uma série de fatores: torcida, títulos, estrutura e, mais importante, poder econômico. São Paulo e Corinthians são os clubes de maior sucesso nos últimos 10 anos, tendo vencido todos os títulos importantes que disputam. Não adianta chiar, todos os outros clubes do país correm por fora. Temos, obviamente, outros times que conseguem figurar bons trabalhos, como o Cruzeiro que em 2009 e 2010 chegou bem nas duas principais competições que disputa, o Inter que vencer a Libertadores de 2010 e o Santos, que venceu a Libertadores em 2011. Temos ainda o Fluminense, que conquistou dois brasileiros nos últimos 3 anos, time que tornou-se poderoso graças a parceria com a Unimed, que o permite disputar de igual pra igual com os dois paulistas. O Atlético ensaia um ressurgimento no cenário, mas vamos acompanhar pra ver se o trabalho feito em 2012 se repetirá em 2013 e, mais importante, se renderá frutos à torcida alvinegra.

A hegemonia do eixo atingiu o seu ápice, embora a tendência é que piore nos próximos anos. Digo isso porque com o golpe aplicado sobre o Clube dos 13 em 2011 passamos a ver uma situação aterradora no cenário futebolístico nacional: os clubes passaram a negociar individualmente os valores de cotas televisivas. Sabe em que outro lugar do mundo isso acontece? Na Espanha. Isso mesmo, naquele país onde a liga principal de futebol é disputada por dois time hegemônicos. O interessante é notar que, ali, os valores totais recebidos são menores que em outras ligas europeias, incluindo a francesa. Os dados que tenho aqui são de 2010, mas acredito que são suficientes pra vocês terem uma ideia do que estou falando.



                             

Como pode ser percebido, na Espanha os dois clubes hegemônicos recebem um valor mais do que três vezes maior do que o do terceiro colocado. Uma disparidade assustadora. Nas outras três ligas apresentadas a diferença do time que recebe mais não é tão maior assim do que a do time que recebe menos. No caso da Inglaterra, que para mim é o modelo de gestão de liga mais interessante, o primeiro clube não chega a ganhar o dobro do último clube. Mas o que, então, permite que essa distribuição seja feita de forma mais justa? Antes de responder essa pergunta faço um convite para analisarmos a situação atual das cotas televisivas no Brasil, como visto no gráfico a baixo:



Esses valores dizem respeito, justamente, ao momento de transição, quando os clubes passaram a negociar individualmente com a Globo. Até então podíamos ver uma distribuição mais igualitária, onde o Corinthians, time que recebe os maiores valores, não chegava a receber o dobro do Atlético Mineiro. Atualmente o Corinthians recebe trêz vezes mais que o Atlético. Notem que estou aqui mostrando apenas 10 dos 20 clubes Brasileiros, lembrando que os times menores, aqueles que recentemente sofreram o acesso a primeira divisão, recebem valores ainda mais desiguais. É assustadora a nossa situação, embora não chegue ainda no nível da vergonhosa Liga Espanhola.

Mas, diante desse cenário aterrador, onde seremos obrigados, provavelmente, a assistir nossos times se tornarem meros coadjuvantes, será que podemos pensar em alternativas? É claro que sim! Os times brasileiros que são desfavorecidos nessa história toda contam com um número de torcedores considerável e, juntos, conseguem sim fazer frente aos times mais favorecidos. Não acho que isso vá acontecer, sobretudo porque tenho a impressão que a burra rivalidade regional que vemos por aí impede que os times operem em conjunto por uma causa comum. Mas se os dirigentes conseguissem se organizar politicamente eles poderiam começar a fomentar uma liga privada, aos moldes da Premier League. Para quem não sabe, a Premier League é uma corporação, ou seja, ela rompe com o modelo federativo que vemos hoje no Brasil.

Na Liga Inglesa os valores de cotas são distribuídos da seguinte maneira: 70% dos valores são divididos igualmente dentre todos os acionistas (acionistas são os 20 clubes que encontram-se na série A). 15% dos valores são divididos de acordo com a audiência atraída pelos clubes. Por fim, os últimos 15% são distribuídos de acordo com a performance do clube na última competição. Ou seja, o último campeão receberá valores maiores que os últimos colocados dessa fatia (15%). Isso permite uma distribuição mais justa e que ainda opera meritocraticamente. Estamos aqui falando do modelo mais bem sucedido do mundo, que rende o maior número de vagas para a UEFA Champions League, além dos valores mais altos de cotas televisivas do mundo, quase 4 vezes maiores que o segundo colocado. É óbvio que existe disparidade na Liga Inglesa, com uma supremacia assustadora do Manchester United, com os clubes pertencentes a milionários correndo por fora, vencendo um ou outros título ao longo dos anos. Mas essa desigualdade é fruto de patrocínios, modelos mais eficientes de gestão e, se vocês acompanham a Liga Inglesa sabem do que estou falando, merecimento. Afinal, o Manchester é o time de futebol mais poderoso do mundo, sendo equipe esportiva mais valiosa do mundo. Mas mesmo o interesse de bilionários na Premier League é fruto do campeonato de qualidade que eles possuem lá, que tem visibilidade internacional.

Imaginem o seguinte cenário: os dirigentes de Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio e Inter se reúnem para discutir o futuro do esporte do país. Eles decidem, então, romper com a CBF e abandonar o Campeonato Brasileiro de Futebol. Partindo disso eles criam uma Liga Privada, nos moldes da Premier League, convidando outros clubes interessados a integrarem. Eles podem aliciar outros times que tenham interesse nisso, como os clubes do Nordeste e de outros clubes do sul. Mesmo clubes Cariocas e Paulistas, que também são desfavorecidos, como a Portuguesa, Ponte Preta e Botafogo poderiam se interessar. Assim teríamos dois campeonatos, esse, disputador por Corinthians, Flamengo, São Paulo, Palmeiras, Vasco, Fluminense e Santos, e um outros, disputado pelos outros grandes clubes, que poderia negociar os valores de cota com outras emissoras. E isso assumindo que os grandes de Rio e São Paulo não iriam se interessar em integrar a liga privada! Tenho quase certeza que o São Paulo, ao menos, mostraria interesse, tendo em vista que eles vivem tendo conflitos com a CBF. Tenho certeza que eventualmente os outros times se interessariam em integrar essa liga ou, ao menos, isso levaria a Globo a negociar de forma mais justa com os outros clubes. Uma coisa eu afirmo, com absoluta certeza. Se os times de Rio e São Paulo são favorecidos, saibam que os dirigentes dos times que torcemos são coniventes, pois existem sim alternativas ao modelo vigente de distribuição e regulamentação das ligas nacionais. Isso sem contar que em uma estrutura corporativa os clubes teriam poderes equivalentes no que tange as decisões referentes ao campeonato, como calendário, arbitragem e etc, o que dificultaria enormemente os esquemas de corrupção que acreditamos que aconteçam aqui. Eu não me lembro de histórias de esquema de arbitragem na Inglaterra...



Para saber mais:






sábado, 8 de dezembro de 2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Fim de Temporada

E mais uma temporada chega ao fim no Brasil, com dois times Fora do Eixo chegando em boas posições no campeonato: segundo e terceiro lugar, mas novamente assistindo um time carioca vencer em meio a polêmicas envolvendo a arbitragem. Ano que vem nos representarão na Libertadores e, nesse sentido, vejo o Grêmio com mais chances de fazer uma boa competição, ainda que o time do Atlético seja melhor (e deve melhorar ainda mais com as gastanças desenfreadas do Kalil). Grêmio tem tradição de time copeiro, embora  viva um hiato considerável, tendo vencido sua última competição importante em 2001 (a Copa do Brasil). Sua bi-libertadores e seu mundial, entretanto, mostra que é um time de tradição, travando, inclusive, grandes duelos contra meu time (dos que eu assisti, vencemos todos, no final das contas). Já o Atlético Mineiro nunca sequer chegou a uma final de Libertadores. O Corinthians esse ano, entretanto, provou que não existe essa de tabus imbatíveis. Mas não é só por conta de tradição que diminuo as chances do Galo.

O maior problema é o Cuca.

O cara é bom, acho que o técnico que monta times que jogam mais bonito no país. Eu sei porque ele nos treinava até outro dia, e o Cruzeiro também foi vice-campeão brasileiro em 2010, disputando o título também contra o Fluminense até a última rodada. No ano seguinte, o passado, começamos a temporada sendo chamados de "Barcelona das Américas", e com razão. O futebol do Cruzeiro era plástico, eficiente, veloz e gostoso de se assistir. Mas, ao mesmo tempo, era muito dependente de um esquema muito específico, que centralizava o Montillo como armador que chegava conduzindo a bola com velocidade e assistia Wallyson e Thiago Ribeiro, que caiam pelas ponta, entrando com perigo na grande área e agredindo o gol adversário. Nesse sentido, era essencial o papel do Roger desafogando a marcação no Montillo ao auxiliar com qualidade as armações de jogada. Lindo, perfeito! Mas, e as peças de reposição? Nossos reservas ofensivos eram o Farías e o Ortigoza, que são jogadores que jogam mais centralizado dentro da área. Para o meio, não tínhamos quem substituísse o Roger, que era um jogador muito irregular. O máximo que podíamos fazer era deslocar o Gilberto de volta ao meio, mas aí perdíamos o nosso único lateral esquerdo de qualidade (que já havia ido pra posição contra sua vontade). Deu no que deu: depois de uma grande primeira fase caímos nas oitavas para o Once Caldas de forma vexatória! Cuca não testou variações táticas o suficiente e não estava preparado para as mudanças forçadas por lesões. E aí é que mora minha opinião sobre o técnico. Ele não constrói grandes variações táticas para seus times, que acabam ficando manjados.

No caso do Galo acho que a grande carência do time nessa reta final foi o Danilinho. Ele tinha um papel fundamental no estilo de jogo do Atlético, um valor tático que não era encontrado em seus substitutos. Posso estar redondamente enganado, é claro, mas tenho a impressão que depois de um tempo ficou fácil para os adversários derrubarem o estilo ofensivo do Galo que, então, passava a apelar nas jogadas de bola parada, já que possui dois zagueiros altos que sabem fazer gols. Aliás, uma carência óbvia do time é o de um centro-avante matador. O Jô faz esse tal de pivô que passaram a falar esse ano. Mas faz o pivô pra quem? Não vejo jogadores do time chegando pelas pontas com tanta qualidade na finalização. O garoto Bernard é um grande jogador, sem dúvidas a revelação do campeonato, mas não o vejo como um grande finalizador. Acho que uma análise mais acertada dependeria de mais estudo e minha disposição para estudar os números do Atlético não são as maiores, deixo isso pro Bruno, caso ele se interesse. O meu ponto é que ainda falta um certo pragmatismo por parte do Cuca para ele se tornar um técnico campeão. É uma merda esse tal de "futebol resultado" que se fala hoje em dia. Ele é enfadonho e chato de se assistir. Mas as vezes ele é necessário, sobretudo quando encontram carências no elenco.

Espero melhor sorte pro Cuca esse ano, é sem dúvida um bom técnico, mas que carece daquele algo a mais para ser campeão. Ao menos o Kalil tá dando boas condições de trabalho pro cara, incluindo um longo tempo de trabalho, para aplicação de sua filosofia.


Para o Cruzeiro, vejo o ano de 2013 como uma grande oportunidade de recomeçar o caminho das vitórias. Esse ano acho que não dava para esperar muito mais do time azul-celeste, dado a mudança na gestão do clube, que vinha de uma longa dinastia pouco transparente. O resultado é que pouco sabemos a que pé o Dr. Gilvan recebeu a equipe e por isso é muito difícil julgar seu trabalho. Não vejo, entretanto, a nona posição com maus olhos. Disputando Copa do Braisl, Sulamericana e Brasileiro vejo muitas oportunidades do Cruzeiro conseguir voltar a seu lugar de direito em 2014: a Libertadores, que já estamos tão acostumado a disputar. Embora esse fim de ano já não seja assim tão promissor.

A chegada do Marcelo Oliveira como técnico cria uma certa tensão. Apostar em seu profissionalismo para esquecer de seu passado no rival é preciso, pois se ele for recebido dessa maneira, seu trabalho estará fadado ao fracasso. O que me espanta é que o Galo recebeu tanta gente daqui nos últimos anos, e muitos foram muito acertados, como nosso ex-Capitão Leo Silva, nosso ex-técnico Cuca e mesmo o Eduardo Maluf, que eu sempre achei que era um braço direito do Zezé. Eles o receberam, e essa figuras mostraram serviço por lá. Porque não esperar o mesmo do MO? É clar que sua história com o Atlético é muito mais intensa, mas ainda assim me parece que ele vai querer fazer o melhor trabalho possível, já que sua carreira profissional dependerá disso. Ele deve enxergar essa vinda ao Cruzeiro como uma oportunidade de adicionar títulos de importância ao seu currículo, já que isso ainda lhe falta, independente de seu bom trabalho no Coritiba. Minha opinião, nesse caso, é que a diretoria não foi feliz em sua contratação, sobretudo porque não escutou sua torcida que o rejeitava em massa. Além do mais existiam nomes mais poderosos no mercado, e o Cruzeiro precisa de contratar. Técnicos de renome são essenciais para que um clube consiga fazer grandes contratações e meu medo é que a vinda do MO dite a lógica das contratações, que não serão do peso que esperávamos.




Essa situação toda me fez lembrar da chegada do Waldemar ao Flamengo, em 2006:

                                

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Último Espetáculo


Na última semana houve um rebuliço no estado do Rio Grande do Sul por conta da última sessão debaixo das lonas do Olímpico. Chamadas para o público, homenagens, emoção e promessa de uma grande tarde.
Chegada e tão esperada hora, na tarde deste último domingo, vimos um espetáculo bem diferente do esperado. Dois elencos de primeira grandeza e um público digno de tamanho estardalhaço.
Vimos de tudo que deve estar presente num espetáculo circense, começando pelo anão, representado pelo comandante tricolor que se apequenou e colocou um time com um avante  apenas. Tivemos a defesa colorada com extrema habilidade, sempre no limite, digna de um exímio equilibrista. D’alessandro segurando a bola com movimentos que podem ser comparados a um ás do trapézio. Guiñazu com a coragem e ousadia de um domador. Muriel e Renan que fizeram malabarismo para impedir o tento tão esperado pelos tricolores, tentado até mesmo com um lance de acrobata de Zé Roberto. Faltou o mágico? Não, o time de vermelho fez a mágica de segurar heroicamente o resultado mesmo com dois componentes a menos e fazer a alegria da minoria dos espectadores presentes no picadeiro adversário.
Vocês devem estar se perguntando, mas que espetáculo é esse sem os mais esperados comediantes de cara pintada? Eles estiveram presentes sim e era a esmagadora maioria. Afinal faz tempo que os torcedores do tradicional rival da Azenha são feitos de palhaços por um time que sempre fica no quase, fazendo até mesmo que eles se conformem com tão pouco. A imortalidade tão propagada pelas bandas de lá serve como a maquiagem para esconder a escassez de conquistas dos últimos anos. Novamente isso ficou nítido ao perderem, no descer das lonas, a vaga direta para a grande turnê sul-americana, visto que se quiserem figurar nela, vão ter que fazer ao menos mais duas audições.
Ao fim de tudo o respeitável público colorado saiu feliz com a apresentação dos seus artistas, que puderam, ao apagar das luzes de 2012, mostrar ao menos que são dignos de continuar fazendo parte da companhia.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Grenal Melancólico


Minha primeira contribuição com esse blog será em tom de melancolia. Melancolia essa, que nessa segunda metade de 2012 assolou a mim e toda torcida do Internacional. Tivemos erros que comprometeram o desempenho da equipe dentro de campo e veremos, depois de muito tempo, o ano ser encerrado apenas com a conquista do campeonato estadual e com uma campanha a ser esquecida no nacional.
A direção colorada errou no seu planejamento ao não perceber que os profissionais do departamento médico e da preparação física estão muito aquém do que o clube precisa para ser competitivo, disputando títulos ou ao menos as primeiras colocações. Foram lesões em cima de lesões, vários jogadores importantes com um longo e inexplicável tempo de recuperação, e retornos mal calculados que resultaram em mais um período longe dos gramados.  Outro erro atenuante foi a contratação de estrangeiros acima do limite conhecido, mesmo sabendo que não poderiam ao menos ficar no banco e que dois sempre sobrariam.  Algumas contratações equivocadas também podem ser responsabilizadas pela fraca campanha colorada nesse campeonato, não preciso citar nomes, a torcida já sabe de quem se trata.
Ao longo da competição não posso negar que as convocações também prejudicaram a equipe, caso que o campeão só pôde sentir após ter garantido o título. Quanto ao comando técnico dois erros: o primeiro da direção ao supor que o capitão das maiores conquistas, sem ter experiência nenhuma no cargo, pudesse dar resultado e o segundo do próprio capitão, ao se deixar convencer por tal teoria e ter aceitado a missão. Por fim, a eleição para presidente que ficou na cláusula de barreira sem que o conselho pudesse verificar a vontade dos sócios.
Ontem aconteceu o último jogo no Gigante antes da reforma e foi uma triste despedida. Placar de 2x0 para o visitante, score que só serviu para ao menos manter a simpática Portuguesa na primeira divisão do ano que vem. O time colorado pela quarta vez consecutiva jogou com uma vontade semelhante a que eu teria de ir a um show do Latino. Sem gana, sem raça, sem o ímpeto da vitória e saiu de campo ao som de merecidas vaias da torcida.
Resta-nos ainda nesse esquecível ano de 2012 um último alento, que é vencer o derradeiro encontro com o rival no estádio da Azenha, estádio esse que já serviu de palco para muitos triunfos vermelhos, inclusive o que decretou a última volta olímpica que seria dada nos seus domínios. Claro, que pelo momento dos times, os que vestem tricolor são favoritos, mas sempre fica uma chama de esperança, que pelo menos nesse último embate do ano nossos jogadores queiram ficar na história do futebol gaúcho, como aqueles que ficaram no primeiro Grenal do Olímpico, um sonoro 6x2 a favor do Inter, que queiram ao menos nos dar esse gosto. Qualquer um pode vencer esse clássico, mas o que desejo é que se por ventura formos superados, que pelo menos seja mostrada a torcida, vontade de vencer, coisa que há quatro fins- de –semana não se vê no Beira-Rio. Que venha o clássico e que venha logo 2013.

Clássico é clássico, e vice-versa



A famosa frase dita por Jardel, ex-atacante do tricolor gaúcho, pode parecer idiota a princípio, mas eu ainda acho que é a que melhor resume o sentimento evocado por esse tipo de jogo. Tem aquela história: em clássico não tem favorito. Mas não sei se concordo, é claro que sempre existe favoritismo, afinal dificilmente vemos os grandes rivais jogarem uma competição em pé de igualdade. Mas existe, pra mim, algo que transcende a qualidade técnica em um clássico, algo fomentado pela rivalidade e que traz uma imprevisibilidade ainda maior a essas partidas, superior àquela inerente ao esporte.


Para esse ano vemos uma situação interessante, já que Grêmio e Atlético Mineiro chegam à última rodada com um objetivo muito claro: o vice-campeonato. Depois que o Corinthians perdeu para o Tolima na pré-Libertadores passaram a temer essa pré-fase, que antes era apenas uma viagem a passeio dos times brasileiros, em situação análoga às primeiras fases da Copa do Brasil - pelo menos do jeito que era antes, já que para o ano que vem o regulamento foi alterado. Enfim, a questão é que os dois times vão chegar motivados para a última partida do ano e encontrarão, do outro lado, dois adversários em situações muito parecidas.


Eu não sei ao certo como foi o ano do Inter, como tem reagido sua torcida ao mal momento do time. Aqui em Minas, a torcida não está nem um pouco satisfeita com as pífias atuações do Cruzeiro nos últimos dois anos, embora para um torcedor mais astuto e atento fique claro que esse é um reflexo direto da transição da diretoria, ainda que uns arguam que não ocorreu uma mudança real (já que o Gilvan é um velho aliado dos Perrelas). Mas, ainda assim, a saída do Zezé parece ter deixado algumas coisas a serem acertadas e o novo presidente já promete um ano melhor em 2013. Aliás, para Inter e Cruzeiro me parece que o sentimento é esse: olhos voltados para o ano que vem. Os dois times ocupam a oitava e nona colocação da competição, e uma vitória ou derrota não fará muita diferença no final das contas. Ou seja, faz parecer que chegarão desmotivados para a partida.


Criticar a CBF parece que é algo que une todo torcedor brasileiro. Dificilmente você encontrará um deles abrindo a boca para falar bem da instituição. E eles estão coberto de razão, é uma federação atrasada, corrupta e pouco transparente. Mas tem de se falar também quando fazem algo acertado, mesmo quando trata-se do óbvio e ululante, que já era apontado por todos: colocar os clássicos na última rodada faz desse jogo muito mais interessante, uma grande forma de fechar o ano para a maior parte dos times. Ano passado, por exemplo, tivemos aquela possibilidade do Cruzeiro ser derrubado para a série B pelo rival - que levaram um chocolate de 6 a 1! São situações que só acontecem em clássicos mesmo.


Embora eu veja um claro favoritismo para Grêmio e Atlético nas partidas desse fim de semana, sei que não existe nada definido - é como se diz, só se resolve dentre as quatro linhas. E se na tabela estão em situações semelhantes, a realidade é que vejo o Inter em uma situação pior do que a do Cruzeiro nesse último jogo. Enquanto a equipe azul celeste vem em uma boa sequência, de 3 vitórias, o Inter já acumula 4 derrotas seguidas, troca de técnico e grande insatifação de sua torcida. Aqui em Minas, entretanto, o Clássico será com torcida única, como tem sido nos últimos anos, embora esse trunfo tenha se provado um presente de grego.


Acho pouco provável que os torcedores de outros estados, sobretudo de Rio e São Paulo, entendam a magnitude desses clássicos em Minas e Rio Grande do Sul, sobretudo em suas capitais. Tendo somente esse dois grandes times, com as torcidas polarizadas dentre eles, a rivalidade é intesa e esses jogos se tornam assunto de toda a semana que os antecede. É um bom clima, de ansiedade, porque independente de quão bem vai o seu time, no fundo a gente sabe que qualquer coisa pode acontecer. Pra mim os clássicos são campeonatos a parte e há de se desconsiderar a tabela quando eles acontecem.


Tem também a violência, infelizmente ela é uma constante e uma certeza nessas ocasiões. Cabe ao poder público, por hora, se preparar para isso. Quisera eu poder jogar essa responsabilidade para o torcedor, e eu acho que nesse caso não é uma questão simples de educação pública, como as pessoas costumam relacionar a maioria dos problemas do país (e com razão). Vou voltar a falar disso em breve, mas é um assunto que preciso pesquisar com mais cuidado, se quiser abordar-lo da forma que desejo.


Meus palpites:


Atlético Mineiro x Cruzeiro: Vitória do atlético, embora não vá ser nada fácil. 2 x 1, com gol de desempate no final para euforia da torcida mais chata de Belo Horizonte.


Grêmio x Internacional: Vitória tricolor, tranquila. 2 x 0.


Relembrar é viver

sábado, 24 de novembro de 2012

Curtinhas [1]


"Mamei na Parmalat,
Cresci e fiquei forte,
Meu nome é Palmeiras,
Sou um Guarani com Sorte"

O Eixo [Parte 02] - Os Aspectos Culturais






Futebol é uma paixão nacional. Acho que ninguém aqui duvida disso. É claro que existem pessoas que não gostam do esporte, mas é parte do cotidiano do brasileiro as conversas de botecos sobre a rodada anterior do Campeonato Brasileiro. E um fator que tempera essas discussões é a rivalidade. Ela é ferrenha aqui no país, caso de briga e morte as vezes, mostrando que a gente realmente não tem lá muito controle de nossas paixões. Freud já dizia que os mecanismos de recalque e repressão são consideravelmente reduzidos nos fenômenos de grupo e sabemos que, no caso do futebol, isso é especialmente verdade quando pensamos nas torcidas organizadas, por exemplo.

E aí é que entra a minha maior ressalva em relação ao esporte: torcedores de futebol são quase que essencialmente preconceituosos. Parece que qualquer coisa vale no esforço de provocar o rival, e todos acreditam que possuem uma espécie de carta branca para falar quaisquer tipo de asneiras quando estão em uma discussão com um rival, ou pretendem provocá-lo.  Isso dentro e fora de campo. Tivemos, é claro, uma longa e intensa campanha para tentar banir o racismo do futebol, que continua ainda muito presente, sobretudo na Europa. Mas, ao mesmo tempo, a maior parte da torcida brasileira condena esse tipo de atitude, sobretudo tendo em vista que racismo é um crime previsto por lei. Incrível como as pessoas só realmente encaram um ato como condenável uma vez que a lei o recrimina. É como se a moral fosse ditada pela lei, e não o contrário. Digo isso porque esse é o maior argumento usado pelos torcedores quando eu questiono a forte homofobia presente dentre as torcidas de futebol. Não existe uma única que salve nesse quesito.

Em 2009, quando Cruzeiro e Grêmio se enfrentaram pelas semi-finais da Libertadores, Elicarlos acusou o atacante argentino Maxi Lópes de racismo. Duas coisas me assustaram bastante na ocasião: a resposta das duas torcidas. Destaco aqui que eu acompanhei a repercussão pela maior comunidade dos dois times no Orkut, e deixo claro que eu sei que esse não é o pensamento de toda a torcida dos dois times. Mas o que aconteceu é que eu vi a maior parte da torcida gremista apoiando o argentino, fazendo declarações racistas das mais graves. A torcida do Cruzeiro se enfureceu com a  atitude do argentino e, ainda mais, com o apoio da torcida gremista. E a resposta, por mais assustador que seja, foi também o preconceito. Só que, no caso, a homofobia. O problema é que não foi assustador pra ninguém, só pra mim. Quando fui pontuar isso, que não fazia sentido responder a violência verbal com violência verbal fui execrado no forum. E o argumento mais comum: homofobia não é crime! Fiquei chocado quando percebi que não tinham meios para apelar à razão, pois na mentalidade de todos ali homofobia era uma coisa aceitável e até mesmo encorajado no meio futebolístico. Pergunto aqui: que torcedor aceitaria ter um jogador gay em seu time?


                                     Em 2009, Elicarlos acusou Maxi Lopes de racismo na Libertadores


Todas as torcidas tratam as rivais por apelidos homofóbicos. Cruzeirenses são marias, Atleticanos são frangas, São Paulinos são bambis e por aí vai. Obviamente, é algo que tempera a rivalidade, já que ser tratado pelo gênero feminino é a maior ofensa possível para o torcedor de futebol comum. Mas deveria? Outro dia eu, como cruzeirense que sou fiquei refletindo sobre a razão de ser incomodado de ser chamado de Maria. Será que por me sentir ofendido o sexista da situação era eu? A resposta é... sim! Não deveria me envergonhar de ser chamado assim. Maria é o nome de minha mãe, da minha avó e até mesmo da minha chefe! É um nome de grande importância bíblica, e em um país majoritariamente católico ser chamado assim deveria ser uma honra e não um desaforo. Obviamente que continuarei me incomodando, mesmo porque eu sei que não estou sendo celebrado quando me chamam assim. Mas qual é, de verdade, o problema de ser tratado pelo gênero feminino e porque insistimos nisso? Ora, o motivo é óbvio: mulher não gosta de futebol. O esporte é jogo pra macho. Lembro das peladas (oh, wait!) que jogávamos quando eu era moleque. Quando um cara reclamava de uma falta mais dura já vinha um dizer: "Futebol é jogo pra homem, não aguenta vai brincar de boneca!". Realmente a prática do esporte é mais comum dentre pessoas do sexo masculino. Mas e quanto a torcida? A torcida de uma mulher vale menos do que a torcida de um homem? Quando você aponta no dedo de seu rival e chama ele de Maria você está afirmando isso!

Recentemente uma grande comoção foi criada na Alemanha quando um jogador confessou, de forma anônima, que era gay. Ele foi encorajado pela, pasmem, chanceler alemã a se revelar, que afirmou que o jogador "vive num país em que não tem motivos para recear um `outing", e nós só podemos dizer-lhe que não precisa de ter medo". Recebeu apoio, ainda, do presidente do Bayern de Munique, principal time do pais. Ainda assim, preferiu não se revelar por medo de represálias.

Mais grave ainda é a história do inglês Justin Fashanu, que jogou em times como Norwich City, Nottingham Forest e Manchester City. Ele é o único jogador internacionalmente conhecido por ter assumido ser homossexual durante a carreira profissional e o resultado não foi anda encorajador. Ele sofreu tantas ofensas vindas da arquibancada que acabou cometendo suicídio em 1998, aos 37 anos.

Sua carta de suicídio dizia:

"Me dei conta de que eu havia sido condenado. Não quero mais ser uma vergonha para meus amigos e minha família. (...) Espero que Jesus me dê boas vindas e que eu finalmente encontre a paz."



Esse é um tema que me interessa bastante. Desde 2009 que decidi, nesse episódio do Elicarlos e com a resposta homofóbica da torcida de meu time, ser mais incisivo nas discussões sobre futebol quando declarações homofóbicas aparecessem. Muitas vezes fui tachado de chato, politicamente correto e outras coisas piores por conta disso, mas é uma espécie de missão pessoal que quem já discutiu futebol comigo deve saber que possuo. Exatamente por isso eu devo voltar a esse tópico novamente, em u futuro próximo. Pensar fora do eixo é ser crítico com as posturas preconceituosas da grande maioria dos torcedores de futebol. Estar fora do eixo é abrir mão de continuar repetindo os comportamento cruéis e irrefletidos encorajados pela mídia e elite brasileira. Derrubar o eixo, algum dia, só será possível se pararmos de emitir respostas tão primitivas quando nossas paixões estão envolvidas. Torcer não exige que você deixe seu cérebro de lado, que pare de pensar e que dê vazão ao ódio e preconceito reprimido. Unir-se em grupos enormes e permitir o ódio ao diferente aflorar já aconteceu em outros contextos, e os resultados nunca foram dos melhores.

Fontes:
http://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/libertadores/ultimas-noticias/2009/06/25/ult7249u369.jhtm
http://www.ojogo.pt/Futebol/interior.aspx?content_id=2768436
http://esporte.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2011/08/29/jogadores-gays-nao-deveriam-se-revelar-diz-capitao-alemao-lahm.jhtm



O Eixo [Parte 01] - Os Aspectos Futebolísticos

Existe, como todos devem saber, a velha lenda do favorecimento aos times do famigerado eixo Rio-São Paulo. E, é claro, o nome desse blog faz uma referência direta a isso. Um oportunismo, talvez, dada a desconfiança que se criou em cima do título conquistado pelo Fluminense esse ano, onde muitos enxergaram um óbvio favorecimento da arbitragem ao longo do campeonato, sobretudo no segundo turno.

Não é a primeira vez que temos times de fora do eixo, e aqui dou destaque aos quatro grandes clubes que se encontram fora de Rio e São Paulo, bater na trave e deixarem o título escapar por pouco. Essa situação vem se repetindo ao longo da história do campeonato brasileiro. Na era de pontos corridos o Cruzeiro foi o único time que conquistou o título, isso quando essa história toda começou, em 2003. Era um time fantástico, vale ressaltar, que não deu margens para a possibilidade de favorecimento, mantendo uma constância assustadora ao longo de todo o campeonato. Um feito que, temo, pode não se repetir nos anos vindouros.

                                        Cruzeiro de 2003 foi o último campeão fora do Eixo Rio-São Paulo

Para entender que não se trata apenas de paranoia, é só dar uma olhada nos campeonatos disputados desde então. De 2004 a 2012 apenas times de Rio e São Paulo foram campeões. Mas o que chama a atenção é a grande quantidade de vice-campeões oriundos de estados fora do eixo.

2004 - Santos/campeão, Atlético Paranaense/vice
2005 - Corinthians/campeão, Internacional/vice
2006 - São Paulo/campeão, Internacional/vice
2007 - São Paulo/campeão, Santos/vice
2008 - São Paulo/campeão, Grêmio/vice
2009 - Flamengo Campeão, Internacional/vice
2010 - Fluminense Campeão, Cruzeiro/vice
2011 - Corinthians/campeão, Vasco/vice
2012 - Fluminense/campeão, o vice será Grêmio ou Atlético Mineiro

Ou seja, em 9 anos tivemos 7 vice-campeões de fora do Eixo.

Acredito que todos estão familiarizados com o Ranking de Pontos do Campeonato Brasileiro. Esse ranking simplesmente soma todos os pontos conquistados pelos clubes participantes, mas considerando apenas os Campeonatos Brasileiros pré-unificação (ou seja, aqueles que ocorreram pós 1970, e cujo Atlético Mineiro foi o primeiro campeão, em 71).  Engraçado é notar que nesse ranking Internacional e Cruzeiro aparecem, respectivamente, em segundo e terceiro lugar (com o São Paulo em primeiro). Engraçado notar que esses 3 times são, também, os que mais pontuaram ao longo da era de pontos corridos. As mudanças só começam a ocorrer após o quarto colocado.


Se considerarmos os campeonatos internacionais veremos que os times de fora do eixo se dão tão bem quanto os de Rio e São Paulo. Cruzeiro, Inter e Grêmio possuem, cada um, 2 títulos da Libertadores e só são superados por Santos (que conquistou 2 na indiscutível Era Pelé) e São Paulo (que, sem sombra de dúvidas, tornou-se o maior time do Brasil nos últimos 20 anos). 

Outro dado interessante: sabiam que dentre os grandes clubes brasileiros o Flamengo foi o que menos vezes esteve dentre os quatro primeiros colocados no Campeonato Brasileiro? Foram 8 vezes, sendo que foram campeões em 6 ocasiões. Isso é que é aproveitamento, em? Aliás, se formos considerar as vezes em que ficaram dentre os 4 primeiros, Cruzeiro, Atlético, Grêmio e Inter superam os 4 grandes do Rio, tanto individualmente quanto se somados (temos um empate dentre Atlético-MG e Fluminense, cada um ficando 14 vezes dentre os 4 primeiros).

Bem, eu não sei se existe ou não favorecimento. Temos muitos indicadores, é claro, mas ao mesmo tempo sabemos que os times do eixo recebem mais investimento, conseguem fechar parcerias poderosas e possuem uma fatia mais gorda das cotas televisivas. Ou seja, são capazes de investir mais pesado em seus times. Os times de fora do eixo, entretanto, possuem melhor estrutura e tendem a ser mais organizados politica e economicamente. Óbvio que existem exceções, o São Paulo, por exemplo, conseguiu, por anos, unir grandes investimentos a uma excelente estrutura e, não atoa, tornou-se o time mais vitorioso do país. O Fluminense, por sua vez, mesmo com grandes investimentos da Unimed, possui uma estrutura precária, e ainda assim venceu dois campeonatos nos últimos 3 anos.

Eu nasci e cresci em Minas Gerais, e é assustador perceber aqui o poder que a mídia do eixo possui no país  Na medida em que você vai se distanciando de Belo Horizonte, torcedores de times do eixo tornam-se cada vez mais numerosos. Nas regiões mais afastadas do estado, como no Triangulo, torcedores dos times mineiros chegam a ser minoria! Minas Gerais possui mais habitantes que o estado do Rio, mas mesmo assim perdemos em torcida pros times de lá. A única coisa que nos salva de ver nascer um Real Madrid vs Barcelona (representados, talvez, por Corinthians e Flamengo) é o histórico de más administrações desses dois clubes, penso eu. 

Mas, aí, eu digo que esse tipo de favorecimento (o financeiro) é tão grave ou até pior que o favorecimento de arbitragem. Eu não acho que arbitragem ganhe jogo, pra ser bastante honesto. A arbitragem definitivamente influência, ela favorece um time. Mas em um campeonato de pontos corridos o que determina o campeão é a constância, é a soma de uma infinidade de fatores. Tomemos por exemplo o campeonato desse ano: O Atlético Mineiro empatou e perdeu demais fora de casa, fizeram uma campanha pífia longe de seus domínios. Um bom time, de futebol vistoso e intenso (comum aos times do Cuca), mas pecava demais, sobretudo nas finalizações. Costumo dizer que o jogasso dentre Atlético e Fluminense retrata bem a história do campeonato. O Atlético teve um enorme volume de finalizações, muitas vezes superior ao do Tricolor Carioca. O Fluminense teve duas oportunidades reais de gol, e as converteu. O placar final, 3 a 2, em casa, mostrou sim que o Atlético jogava mais bola, mas mostrou também sua ineficiência frente as traves, e a eficiência de um cara: Fred. E, aí entra a questão financeira, o que diabos Fred foi cheirar nas Laranjeiras? Cara completamente identificado com o Cruzeiro, torcedor confesso, mas ainda assim optou por ir para o time do rio. Grana, obviamente. E como diabos o Fluminense, mesmo com uma torcida menor, consegue melhores parcerias que os times de fora do eixo? Aliás, qual foi a grande parceria fechada dente um clube de fora do eixo? O Palmeira teve a Parmalat, o Flu agora tem o Unimed, Corinthians teve aquela que trouxe o Tevez. Pode-se falar de BMG e Atlético, mas essa é outra história. E o que dizer desse estreitamento de relacionamento dentre o Corinthians e o governo? E o patrocínio milionário que eles receberão da Caixa Econômica Federal a partir de 2013? 

Enfim, não venho aqui responder essas questões, não sei nem bem se elas tem uma resposta. Essa é uma introdução. Uma explicação do porque escolher esse nome pro blog. Mas a ideia aqui é muito maior. É discutir de forma diferente o futebol, com uma visão mais ampla, dando destaque aos times de fora do eixo. E esse eixo do qual tantos falam, pra mim, é um pouco disso que eu falei, esse histórico estranho de superioridade que existe na história dos Campeonatos Brasileiros, mas que se for analisada mais friamente, não faz muito sentido, dado que o desempenho não condiz com os resultados, em MUITAS ocasiões. Mas pretendo também que o blog seja um espaço para discutir outros aspectos do esporte. Sua influência cultural e política, por exemplo. Na verdade, por ser o esporte mais querido do país, acaba que essas coisas se misturam, e o Eixo Futebolístico é apenas um reflexo do Eixo Político e Midiático. Mas essa discussão eu vou deixar para um post futuro (a parte 2 desse aqui).


Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Brasileiro_de_Futebol
http://www.campeoesdofutebol.com.br/brasileiro.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ranking_de_pontos_do_Campeonato_Brasileiro_de_Futebol


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Edit: Duas correções importantes: em primeiro lugar, em relação a Libertadores.

Os times Gaúchos superam significativamente a performance internacional dos times cariocas, que, somados, possuem apenas 2 Libertadores e 1 Mundial. Em Minas, infelizmente, o Galão da Massa adiciona muito pouco a essa briga, mas o Cruzeiro segura bem a briga sozinho, com seus dois títulos. Não temos, infelizmente, um mundial. O estado de São Paulo, entretanto, é poderoso internacionalmente. São 8 Libertadores, no total, e 6 Mundiais (considerando o vencido pelo Corinthians).

Em segundo lugar, em relação a estrutura e organização política.

Os times de São Paulo são muito bem estruturados, de forma geral. Santos tem uma indiscutível base, que revela jogadores fantásticos de tempos em tempos. Mesmo o Palmeiras tem uma excelente estrutura, embora seja meio bagunçado politicamente. Corinthians tem se organizado muito bem e dá sinais de que pode se tornar a maior potência do futebol nacional, sobretudo pela fraca atuação do questionado Juvenal Juvêncio, que parece ter perdido os rumos vitoriosos do São Paulo (embora o time venha bem nesse segundo semestre). Os times cariocas, entretanto, são uma bagunça politicamente e possuem estrutura precária. Patrícia Amorim parece ter revitalizado a estrutura social do Flamengo, mas, ao mesmo tempo, possui uma das piores administrações que já vi, em se tratando de futebol. Sinceramente, espero que o Fluminense aproveite melhor a parceria milionária com a Unimed e tente construir algo duradouro para o clube, ou poderá se tornar um Palmeiras da vida.