terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Fim de Temporada

E mais uma temporada chega ao fim no Brasil, com dois times Fora do Eixo chegando em boas posições no campeonato: segundo e terceiro lugar, mas novamente assistindo um time carioca vencer em meio a polêmicas envolvendo a arbitragem. Ano que vem nos representarão na Libertadores e, nesse sentido, vejo o Grêmio com mais chances de fazer uma boa competição, ainda que o time do Atlético seja melhor (e deve melhorar ainda mais com as gastanças desenfreadas do Kalil). Grêmio tem tradição de time copeiro, embora  viva um hiato considerável, tendo vencido sua última competição importante em 2001 (a Copa do Brasil). Sua bi-libertadores e seu mundial, entretanto, mostra que é um time de tradição, travando, inclusive, grandes duelos contra meu time (dos que eu assisti, vencemos todos, no final das contas). Já o Atlético Mineiro nunca sequer chegou a uma final de Libertadores. O Corinthians esse ano, entretanto, provou que não existe essa de tabus imbatíveis. Mas não é só por conta de tradição que diminuo as chances do Galo.

O maior problema é o Cuca.

O cara é bom, acho que o técnico que monta times que jogam mais bonito no país. Eu sei porque ele nos treinava até outro dia, e o Cruzeiro também foi vice-campeão brasileiro em 2010, disputando o título também contra o Fluminense até a última rodada. No ano seguinte, o passado, começamos a temporada sendo chamados de "Barcelona das Américas", e com razão. O futebol do Cruzeiro era plástico, eficiente, veloz e gostoso de se assistir. Mas, ao mesmo tempo, era muito dependente de um esquema muito específico, que centralizava o Montillo como armador que chegava conduzindo a bola com velocidade e assistia Wallyson e Thiago Ribeiro, que caiam pelas ponta, entrando com perigo na grande área e agredindo o gol adversário. Nesse sentido, era essencial o papel do Roger desafogando a marcação no Montillo ao auxiliar com qualidade as armações de jogada. Lindo, perfeito! Mas, e as peças de reposição? Nossos reservas ofensivos eram o Farías e o Ortigoza, que são jogadores que jogam mais centralizado dentro da área. Para o meio, não tínhamos quem substituísse o Roger, que era um jogador muito irregular. O máximo que podíamos fazer era deslocar o Gilberto de volta ao meio, mas aí perdíamos o nosso único lateral esquerdo de qualidade (que já havia ido pra posição contra sua vontade). Deu no que deu: depois de uma grande primeira fase caímos nas oitavas para o Once Caldas de forma vexatória! Cuca não testou variações táticas o suficiente e não estava preparado para as mudanças forçadas por lesões. E aí é que mora minha opinião sobre o técnico. Ele não constrói grandes variações táticas para seus times, que acabam ficando manjados.

No caso do Galo acho que a grande carência do time nessa reta final foi o Danilinho. Ele tinha um papel fundamental no estilo de jogo do Atlético, um valor tático que não era encontrado em seus substitutos. Posso estar redondamente enganado, é claro, mas tenho a impressão que depois de um tempo ficou fácil para os adversários derrubarem o estilo ofensivo do Galo que, então, passava a apelar nas jogadas de bola parada, já que possui dois zagueiros altos que sabem fazer gols. Aliás, uma carência óbvia do time é o de um centro-avante matador. O Jô faz esse tal de pivô que passaram a falar esse ano. Mas faz o pivô pra quem? Não vejo jogadores do time chegando pelas pontas com tanta qualidade na finalização. O garoto Bernard é um grande jogador, sem dúvidas a revelação do campeonato, mas não o vejo como um grande finalizador. Acho que uma análise mais acertada dependeria de mais estudo e minha disposição para estudar os números do Atlético não são as maiores, deixo isso pro Bruno, caso ele se interesse. O meu ponto é que ainda falta um certo pragmatismo por parte do Cuca para ele se tornar um técnico campeão. É uma merda esse tal de "futebol resultado" que se fala hoje em dia. Ele é enfadonho e chato de se assistir. Mas as vezes ele é necessário, sobretudo quando encontram carências no elenco.

Espero melhor sorte pro Cuca esse ano, é sem dúvida um bom técnico, mas que carece daquele algo a mais para ser campeão. Ao menos o Kalil tá dando boas condições de trabalho pro cara, incluindo um longo tempo de trabalho, para aplicação de sua filosofia.


Para o Cruzeiro, vejo o ano de 2013 como uma grande oportunidade de recomeçar o caminho das vitórias. Esse ano acho que não dava para esperar muito mais do time azul-celeste, dado a mudança na gestão do clube, que vinha de uma longa dinastia pouco transparente. O resultado é que pouco sabemos a que pé o Dr. Gilvan recebeu a equipe e por isso é muito difícil julgar seu trabalho. Não vejo, entretanto, a nona posição com maus olhos. Disputando Copa do Braisl, Sulamericana e Brasileiro vejo muitas oportunidades do Cruzeiro conseguir voltar a seu lugar de direito em 2014: a Libertadores, que já estamos tão acostumado a disputar. Embora esse fim de ano já não seja assim tão promissor.

A chegada do Marcelo Oliveira como técnico cria uma certa tensão. Apostar em seu profissionalismo para esquecer de seu passado no rival é preciso, pois se ele for recebido dessa maneira, seu trabalho estará fadado ao fracasso. O que me espanta é que o Galo recebeu tanta gente daqui nos últimos anos, e muitos foram muito acertados, como nosso ex-Capitão Leo Silva, nosso ex-técnico Cuca e mesmo o Eduardo Maluf, que eu sempre achei que era um braço direito do Zezé. Eles o receberam, e essa figuras mostraram serviço por lá. Porque não esperar o mesmo do MO? É clar que sua história com o Atlético é muito mais intensa, mas ainda assim me parece que ele vai querer fazer o melhor trabalho possível, já que sua carreira profissional dependerá disso. Ele deve enxergar essa vinda ao Cruzeiro como uma oportunidade de adicionar títulos de importância ao seu currículo, já que isso ainda lhe falta, independente de seu bom trabalho no Coritiba. Minha opinião, nesse caso, é que a diretoria não foi feliz em sua contratação, sobretudo porque não escutou sua torcida que o rejeitava em massa. Além do mais existiam nomes mais poderosos no mercado, e o Cruzeiro precisa de contratar. Técnicos de renome são essenciais para que um clube consiga fazer grandes contratações e meu medo é que a vinda do MO dite a lógica das contratações, que não serão do peso que esperávamos.




Essa situação toda me fez lembrar da chegada do Waldemar ao Flamengo, em 2006: