segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Clássico é clássico, e vice-versa



A famosa frase dita por Jardel, ex-atacante do tricolor gaúcho, pode parecer idiota a princípio, mas eu ainda acho que é a que melhor resume o sentimento evocado por esse tipo de jogo. Tem aquela história: em clássico não tem favorito. Mas não sei se concordo, é claro que sempre existe favoritismo, afinal dificilmente vemos os grandes rivais jogarem uma competição em pé de igualdade. Mas existe, pra mim, algo que transcende a qualidade técnica em um clássico, algo fomentado pela rivalidade e que traz uma imprevisibilidade ainda maior a essas partidas, superior àquela inerente ao esporte.


Para esse ano vemos uma situação interessante, já que Grêmio e Atlético Mineiro chegam à última rodada com um objetivo muito claro: o vice-campeonato. Depois que o Corinthians perdeu para o Tolima na pré-Libertadores passaram a temer essa pré-fase, que antes era apenas uma viagem a passeio dos times brasileiros, em situação análoga às primeiras fases da Copa do Brasil - pelo menos do jeito que era antes, já que para o ano que vem o regulamento foi alterado. Enfim, a questão é que os dois times vão chegar motivados para a última partida do ano e encontrarão, do outro lado, dois adversários em situações muito parecidas.


Eu não sei ao certo como foi o ano do Inter, como tem reagido sua torcida ao mal momento do time. Aqui em Minas, a torcida não está nem um pouco satisfeita com as pífias atuações do Cruzeiro nos últimos dois anos, embora para um torcedor mais astuto e atento fique claro que esse é um reflexo direto da transição da diretoria, ainda que uns arguam que não ocorreu uma mudança real (já que o Gilvan é um velho aliado dos Perrelas). Mas, ainda assim, a saída do Zezé parece ter deixado algumas coisas a serem acertadas e o novo presidente já promete um ano melhor em 2013. Aliás, para Inter e Cruzeiro me parece que o sentimento é esse: olhos voltados para o ano que vem. Os dois times ocupam a oitava e nona colocação da competição, e uma vitória ou derrota não fará muita diferença no final das contas. Ou seja, faz parecer que chegarão desmotivados para a partida.


Criticar a CBF parece que é algo que une todo torcedor brasileiro. Dificilmente você encontrará um deles abrindo a boca para falar bem da instituição. E eles estão coberto de razão, é uma federação atrasada, corrupta e pouco transparente. Mas tem de se falar também quando fazem algo acertado, mesmo quando trata-se do óbvio e ululante, que já era apontado por todos: colocar os clássicos na última rodada faz desse jogo muito mais interessante, uma grande forma de fechar o ano para a maior parte dos times. Ano passado, por exemplo, tivemos aquela possibilidade do Cruzeiro ser derrubado para a série B pelo rival - que levaram um chocolate de 6 a 1! São situações que só acontecem em clássicos mesmo.


Embora eu veja um claro favoritismo para Grêmio e Atlético nas partidas desse fim de semana, sei que não existe nada definido - é como se diz, só se resolve dentre as quatro linhas. E se na tabela estão em situações semelhantes, a realidade é que vejo o Inter em uma situação pior do que a do Cruzeiro nesse último jogo. Enquanto a equipe azul celeste vem em uma boa sequência, de 3 vitórias, o Inter já acumula 4 derrotas seguidas, troca de técnico e grande insatifação de sua torcida. Aqui em Minas, entretanto, o Clássico será com torcida única, como tem sido nos últimos anos, embora esse trunfo tenha se provado um presente de grego.


Acho pouco provável que os torcedores de outros estados, sobretudo de Rio e São Paulo, entendam a magnitude desses clássicos em Minas e Rio Grande do Sul, sobretudo em suas capitais. Tendo somente esse dois grandes times, com as torcidas polarizadas dentre eles, a rivalidade é intesa e esses jogos se tornam assunto de toda a semana que os antecede. É um bom clima, de ansiedade, porque independente de quão bem vai o seu time, no fundo a gente sabe que qualquer coisa pode acontecer. Pra mim os clássicos são campeonatos a parte e há de se desconsiderar a tabela quando eles acontecem.


Tem também a violência, infelizmente ela é uma constante e uma certeza nessas ocasiões. Cabe ao poder público, por hora, se preparar para isso. Quisera eu poder jogar essa responsabilidade para o torcedor, e eu acho que nesse caso não é uma questão simples de educação pública, como as pessoas costumam relacionar a maioria dos problemas do país (e com razão). Vou voltar a falar disso em breve, mas é um assunto que preciso pesquisar com mais cuidado, se quiser abordar-lo da forma que desejo.


Meus palpites:


Atlético Mineiro x Cruzeiro: Vitória do atlético, embora não vá ser nada fácil. 2 x 1, com gol de desempate no final para euforia da torcida mais chata de Belo Horizonte.


Grêmio x Internacional: Vitória tricolor, tranquila. 2 x 0.


Relembrar é viver